Cruzeiro 6x2 Santos - 30/11/1966
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Por temporada | |||
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Por Taça Brasil | |||
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No estádio Mineirão | |||
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Contra Santos | |||
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Data: quarta-feira, 30 de novembro de 1966
Local: Belo Horizonte, MG
Estádio: Mineirão
Árbitro: Armando Marques
Assistente 1: Joaquim Gonçalves
Assistente 2: Euclides Borges
Público pagante: 77.325
Público Presente: 90.000
Renda Bruta: Cr$ 223.314.600,00 R$ 223.314.600 <br />Cr$ 223.314.600 <br />NCr$ 223.314.600 <br />Cz$ 223.314.600 <br />NCz$ 223.314.600 <br /> (preço médio: Cr$ 2.888,00 )
Cruzeiro
1. (T) Raul
2. (T) Pedro Paulo
3. (T) William
4. (T) Procópio
5. (T) Neco
6. (T) Piazza
7. (T) Dirceu Lopes 20' (1T) 39' (1T) 27' (2T)
8. (T) Natal 5' (1T)
9. (T) Evaldo
10. (T) Tostão 41' (1T)
11. (T) Hilton Oliveira
Técnico: Airton Moreira
Pré-jogo[editar]
Após 22 partidas pelo Campeonato Mineiro de 1965 e 6 pela Taça Brasil 1966, naquela quarta-feira, 30 de novembro de 1966, o Cruzeiro começava a escrever contra o Santos a página mais importante de sua história. A página heróica de seu primeiro título nacional. Um título que escancarou as portas da sala de jantar do futebol brasileiro. É bem verdade que ao se tornar o primeiro campeão brasileiro em março de 1960, no Maracanã, o Bahia já havia iniciado a demolição da velha ordem. Mas foi com a vitória contundente do Cruzeiro sobre o Santos que o Eixo teve de se curvar, colocar ponto final em seu torneio Rio-São Paulo e, humildemente, passar a disputar títulos nacionais contra o resto do país.
Que Santos era aquele[editar]
Vencedor de 11 dos 15 campeonatos paulistas disputados entre 56 e 69, 6 vezes campeão brasileiro nos Anos 60 (61, 62, 63, 64, 65 e 68), bicampeão sul-americano e mundial em 62 e63, o Santos foi o maior time do mundo entre o final dos Anos 50 e o final dos 60. Quase todos os santistas que atuaram naquelas duas partidas finais da Taça Brasil, eram de Seleção Brasileira: Gilmar, Mauro Ramos de Oliveira, Zito e Pepe foram bicampeões em 58 e 62. Pelé, tricampeão, em 58, 62 e 70. Carlos Alberto Torres, campeão em 70. Havia ainda Toninho Guerreiro, artilheiro da competição (ele e Bita, do Náutico, com 10 gols) que, vestindo as camisas do Santos e do São Paulo seria pentacampeão paulista, entre 67 e 71.
Primeiro Tempo[editar]
A história do 1º tempo só pode ser contada por meio dos fantásticos – pela quantidade e qualidade – cinco gols da Academia Celeste. Tudo o mais que se disser, é dispensável. A 1 minuto, Evaldo recebeu passe de Tostão no meio de campo e percebeu Dirceu correndo em direção ao gol. O lançamento saiu preciso. Quando o meia se preparava para concluir, o lateral-esquerdo Zé Carlos, tentando desarmá-lo, marcou contra: 1 x 0. Aos 5, Dirceu recebeu de Evaldo e serviu a Natal. O ponteiro driblou Zé Carlos e chutou forte: 2 x 0. Aos 20, Oberdan saiu jogando, perdeu a bola para Dirceu, levou dois dribles e saiu de cena. Com a visão desimpedida, o Dez de Ouros chutou violentamente de fora da área: 3 x 0. Aos 39, a defesa do Santos sofreu intenso bombardeio. De dentro da área, Hilton chutou e Mauro salvou. No rebote, Evaldo disparou outra bomba, mas Oberdan impediu o gol. A terceira tentativa coube a Dirceu Lopes. Em vez de força, jeito: 4 x 0. Com a palavra o autor da obra prima: “Meu forte sempre foi o corte de fora da área. Como tinha muita velocidade e, naquela época, o futebol era mais solto, qualquer bola que eu apanhasse no meio de campo era um perigo para o adversário. Naquele lance, recebi a bola na entrada da área. Dei um corte no zagueiro, passei a bola do pé direito para o esquerdo e bati. Ela fez uma curva e enganou o Gilmar, que ficou agarrado na trave. Foi um golaço”. Aos 41, Dirceu driblou Mauro dentro da área e foi derrubado por Oberdan. Pênalti. Tostão fez inacreditáveis 5 x 0. No final do 1º tempo, a caminho do vestiário, Pelé ouve o couro provocador da torcida mineira: “Cadê Pelé? Cadê Pelé?”. O Rei acenou para a torcida com a mão espalmada. Cinco gols? Não, cinco vezes campeão brasileiro, ele explicou. A verdade, contudo, é que, naquela noite, marcado individualmente por Piazza, Pelé não viu a cor da bola.
Segundo Tempo[editar]
O Cruzeiro voltou relaxado pensando em barganhar o jogo: tocaria a bola e o adversário se contentaria em evitar mais gols. Mas, ao invés de aceitar o fato consumado da derrota, o Santos foi à luta pensando em remontar o placar. Nos vestiários, seus jogadores ouviram poucas e boas do treinador Lula: “É preciso parar esta linha de qualquer forma, se não parar no grito tem que ser no tapa, na botina, não pode é continuar desta forma. Eles estão fazendo a nossa área de avenida”. Deu certo. Aos 6 e aos 10, Toninho Guerreiro marcou: 5 x 2. A torcida assustou-se. Pelé tinha fama de, quando provocado, superar-se e virar resultados tidos como definitivos. Mas Tostão, Dirceu e Piazza retomaram o controle do jogo. Tocando bola com rapidez, o Cruzeiro voltou a colocar o Santos na roda. E a pá de cal sobre o pentacampeão brasileiro foi atirada aos 27 minutos. Evaldo recebeu passe de Tostão, driblou Oberdan e chutou forte, Gilmar deu rebote. Dirceu apareceu do nada para tocar para as redes: 6 x 2. Estava de bom tamanho. Daí em diante, os times limitaram-se a exibir sua técnica refinada sob aplausos ininterruptos da torcida. Era preciso economizar energias para o jogo decisivo, uma semana depois, no Pacaembu.
Pós-jogo[editar]
O árbitro carioca Armando Rosa Castanheira Marques era uma celebridade. E, como tal, também resolveu deixar sua marca no jogo que o Brasil inteiro assistiu pela televisão. Aos 30, nervoso, incapaz de se livrar da marcação pessoal, Pelé chutou Piazza. Formou-se o bolinho. Procópio pediu explicações e ouviu um palavrão. Armandinho – era como a torcida se referia ao árbitro – expulsou os dois. Depois do jogo, Pelé estava bravo: “Num jogo apitado por Armando Marques, pode-se esperar: de uma hora para outra serei expulso. É uma velha mania daquele juiz, que ganhou fama justamente por visar-me mais que qualquer outro”. Segundo o Rei, tudo não passou de uma troca de palavras ríspidas, que não justificariam as expulsões. E, cada vez mais bravo, arrematou: “Mas ele achou que era hora de mandar-me para o vestiário no jogo de ontem, que estava do jeito que ele gosta para ser vedete: público enorme e torcida vibrante”. Procópio, que jogou com o tornozelo machucado, também protestou: “Não entendo, até agora, porque fui expulso. Eu só disse ao Pelé que ‘apelar, assim, não!’. Ele respondeu com um palavrão e o juiz estava perto. Pelé ainda tentou convencer o juiz que eu era inocente e que nada havia dito. Tempo pedido.”
Nicolau Moran, diretor, e Athiê Jorge Cury, presidente do Santos, num gesto de cortesia, mandaram a Taça Brasil para vestiário do Cruzeiro. Queriam que ela ficasse em Minas até a segunda partida. Supersticioso, Felício Brandi, não deixou ninguém chegar perto do troféu. Deu uma espiada de longe e mandou devolvê-la aos paulistas: “Tá bom, é muito bonita, mas, agora que já a conhecemos podem levá-la de volta; semana que vem, vamos buscá-la em São Paulo”. No outro vestiário, Athiê dava entrevistas: “Em São Paulo, nossa vingança será terrível!”
Vídeos[editar]
Fontes e imagens[editar]
- Hotsite em homenagem aos 40 anos do título (Link não funciona mais)