Cruzeiro 4x0 Racing - 18/11/1992
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Contra Racing | |||
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Data: quarta-feira, 18 de novembro de 1992 às 21:00
Local: Belo Horizonte, MG
Estádio: Mineirão
Árbitro: José Joaquim Torres
Assistente 1: Armando Perez
Assistente 2: John Jairo Toro
Público pagante: 78.077
Público Presente: Não disponível
Renda Bruta: Cr$ 2.370.065.000,00 R$ 2.370.065.000 <br />Cr$ 2.370.065.000 <br />NCr$ 2.370.065.000 <br />Cz$ 2.370.065.000 <br />NCz$ 2.370.065.000 <br /> (preço médio: Cr$ 30.355,48 )
Cruzeiro
1. (T) Paulo César Borges
2. (T) Paulo Roberto
4. (T) Célio Lúcio
3. (T) Luizinho
6. (T) Nonato
8. (T) Douglas
10. (T) Boiadeiro 40' (2T)
17. (T) Luís Fernando Flores 26' (2T)
9. (T) Betinho 42' (2T) ( 14.(R) Cleison )
7. (T) Renato Gaúcho
11. (T) Roberto Gaúcho 31' (1T) 12' (2T)
Técnico: Jair Pereira
Racing
1. Carlos Roa
2. Jorge Borelli 35' (2T)
18. Cosme Zaccanti 16' (2T)
4. Jorge Reinoso
3. Juan Distéfano
8. Gustavo Matosas 30'(2T) ( 9. Félix Torres )
5. Gustavo Costas
10. Rubén Paz
7. Cláudio García
11. Alfredo Graciani 14'(2T) ( 6. Aberlardo Vallejos )
19. Guillermo Guendulain
Técnico: Humberto Grondona
Cruzeiro
12. (B) Gilberto
15. (B) Arley Álvares
21. (B) Rogério Lage
23. (B) Toto
Racing
12. Jorge Bartero
14. Luis Ernesto Abramovich
15. Dario Cabrol
Uniforme do jogo[editar]
Pré-jogo[editar]
O adversário do Dream Team na decisão da Supercopa de 1992 foi o Racing. O time argentino chegou a final enfrentando menos adversários que o Cruzeiro. Nas oitavas de final, pela chave seis, superou o Independiente, no clássico de Avellaneda, com uma vitória por 2 a 1, em seu estádio e um empate sem gols na casa do rival. Nas quartas de final, o Racing nem precisou jogar para se classificar. Seu adversário seria o Nacional, de Montevidéu, mas os jogadores profissionais do Uruguai estavam em greve e o Racing foi contemplado com a classificação para a semifinal para encarar o Flamengo, que há poucos meses, haviam levantado o título do Campeonato Brasileiro. O Racing surpreendeu e e liminou o rubro-negro com um empate em 3 a 3, no Pacaembu e uma vitória por 1 a 0, no jogo da volta, em Avellaneda.
Assim, mais uma vez, Cruzeiro e Racing faziam uma final da Supercopa. Ambos decidiram a primeira edição da competição dos campeões em 1988. Os argentinos levaram a melhor com uma vitória por 2 a 1, em Avellaneda, no jogo de ida, e deram a volta olímpica, no Mineirão, no jogo da volta, com um empate em 1 a 1. Assim, a decisão de 1992 passou a ter um sabor de vingança.
"O Cruzeiro vai despachar o Racing. Uma vitória aqui e a conquista do título é uma questão de honra para todos", garantia o meia Boiadeiro. Ao contrário de 1988, a segunda partida decisiva seria em Avellaneda. Assim, os jogadores do Cruzeiro já queriam decidir o título logo no primeiro jogo, no Mineirão e firmaram um pacto por uma goleada.
"Sem dúvida que a decisão é aqui, onde teremos que fazer muitos gols", avisava o treinador Jair Pereira. O atacante Roberto Gaúcho endossava as palavras do técnico cruzeirense: "Nós precisamos vencer aqui com uma contagem de três ou quatro gols para jogar com tranquilidade na Argentina". O discurso era repercutido por todos os atletas do grupo estrelado. "Temos que atacar e procurar incansavelmente o gol, porque uma vitória com muitos gols nos deixa em situação mais cômoda para o jogo da volta", planejava o meia Boiadeiro.
Ninguém no plantel duvidava que o mesmo clima hostil que enfrentaram em Buenos Aires, nas quartas de final, contra o River, iria se repetir, em Avellaneda, contra o Racing, na final. "Todos os times argentinos procuram fazer de cada partida uma guerra. Temos que fazer o resultado aqui para jogar mais tranquilo lá", analisava o atacante Edson, que era o único remanescente do plantel cruzeirense de 1988. Édson só não participou das finais contra o Racing, porque rompeu o tendão do pé.
Pelo lado do Racing, o experiente Ruben Páz, era o único jogador do time supercampeão de 1988, que ainda permanecia na "academia celeste". Páz era um velho conhecido da torcida brasileira, pois foi titular da Seleção Uruguaia na década de 1990 e teve uma passagem marcante com a camisa do Internacional. Ele previa um jogo aberto e sem violência, no Mineirão e deu as dicas de como sua equipe iria se comportar na primeira partida da decisão. "Sempre marcando e buscando os contra ataques. Precisamos do título. Desta forma poderemos compensar a torcida pelo sofrimento de ver o time tão mal no Campeonato Argentino", declarou. O Racing dividia a vice-lanterna com o Newell's Old Boys e estavam a frente, somente do Gymnasia e Esgrima. No domingo, antes da decisão, haviam empatado em 1 a 1, com o Newell's.
E Ruben Páz era a principal preocupação do técnico Jair Pereira, que o considerava o maestro do Racing. "Eles atuam em função do Paz. Seus lançamentos buscam as pontas, principalmente o lado esquerdo", declarou. Mas o time também tinha o ponteiro direito, ClaudioGarcia, cujo estilo era comparado ao de Renato Gaucho, além de Borelli, que era da seleção argentina e o goleiro Roa, que era do selecionado olímpico.
O treinador do Racing era Humberto Grondona. Ele era filho do presidente da Associação de Futebol da Argentina-AFA, Julio Grondona. Assim que chegou a Belo Horizonte, avisou que o seu time partiria pra cima do Cruzeiro e que não armou nenhuma marcação especial para parar Renato Gaúcho, no Mineirão. "Não sou favorável a esquemas defensivos. Não há nenhuma razão para jogar fechado. Não temos esse hábito. Vamos partir logo pra cima", avisava.
Grondona apontava a experiência como a maior virtude do time do Cruzeiro. "Eles atuam de forma cadenciada, tocando a bola e, quando partem para o ataque procuram fazer valer a experiência. Assim, o Cruzeiro foi muito prejudicado pelo árbitro, em Buenos Aires, mas soube garantir a classificação", analisou.
Outra preocupação do time cruzeirense era quanto a sua contusão na panturrilha esquerda, que o fez sair no decorrer das partidas contra o River e o Olimpia. "Tenho que me cuidar durante o jogo para não levar outra pancada no mesmo lugar", declarou. O uso de uma proteção na panturrilha foi descartada pelo jogador. "Aí, eu mostraria para os zagueiros como me tirar da partida", ironizou.
Coincidentemente, Renato se machucou em dois lances que originaram gols de pênalti contra o River e o Olimpia, no Mineirão. "Os caras estão me quebrando lá na frente e o Paulo Roberto é que ganha a fama. Ele cobra o pênalti e se consagra", brincou.
A diretoria do Cruzeiro previu que a grande final poderia quebrar o próprio recorde nacional de renda da partida contra o Olimpia e, mais uma vez, majorou os preços dos ingressos. A geral passou a custar Cr$ 15, a arquibancada Cr$ 30, a cadeira Cr$ 70 e o setor especial especial Cr$ 100. Nem os preços altos e a chuva forte que caiu sobre Belo Horizonte foi capaz de desanimar a nação cruzeirense que formou longas filas em busca de um bilhete para o jogão.
Lance a lance[editar]
Primeiro Tempo[editar]
Aos 17 minutos, o meia Luiz Fernando quase abriu o placar. Ao enviar um chute a gol, a bola desviou num marcador do Racing e o goleiro Roa executou uma bela defesa. Mas aos 31 minutos, o Cruzeiro conseguiu colocar a bola na rede do gol do Racing. O atacante Betinho desarmou Reinoso na lateral esquerda e na corrida ganhou a linha de fundo e cruzou para a área. A zaga do Racing rebateu para fora da área e a bola caiu no pé esquerdo de Roberto Gaúcho que emendou de primeira. A bola desviou num dos defensores do time argentino e enganou o goleiro Roa.
Segundo Tempo[editar]
No segundo tempo, o Cruzeiro encontrou as mesmas dificuldades para superar a marcação do Racing, que abusava das faltas. Numa delas, aos 8 minutos, o zagueiro Cosme Zacantti atingiu com violência o atacante Renato Gaúcho com um pontapé por trás e foi expulso pelo árbitro. Não demorou três minutos para o Cruzeiro aproveitar a vantagem de um jogador a mais em campo. Renato Gaúcho recebeu um passe de Boiadeiro e foi a linha de fundo. O cruzamento na segunda trave foi na medida para Roberto Gaúcho colocar de cabeça para o fundo das redes: Cruzeiro 2 a 0.
Aos 13 minutos, Grondona recompôs a defesa e colocou Abelardo Vallejos na vaga do atacante Alfredo Graciani. Mas o Cruzeiro continuou pressionando e a goleada era questão de tempo. Aos 17 minutos, o zagueiro do Racing evitou o terceiro gol tirando uma bola em cima da linha. Aos 20 minutos, Renato Gaúcho escorou de cabeça um cruzamento de Roberto e Roa fez outra defesa difícil na partida.
De tanto martelar o Cruzeiro chegou ao terceiro gol aos 24 minutos, após Roberto Gaúcho passou por vários marcadores e rolar para Luiz Fernando na entrada da área. O meia ajeitou e chutou rasteiro no canto direito: Cruzeiro 3 a 0.
O gol deixou o Racing ainda mais nervoso em campo e lateral direito Jorge Borelli acabou expulso aos 35 minutos. Num lance individual na intermediária, o meia Boiadeiro fechou a goleada com um chute de fora da área, aos 40 minutos e encerrou a goleada: Cruzeiro 4 a 0.
Se a missão era decidir logo o título no primeiro jogo, o dever foi cumprido. Na Argentina ninguém acreditava numa virada no jogo da volta. "Cruzeiro liquidou o Racing com um resultado quase utópico de se virar", estampou o jornal Clarín.
A renda de Cr$ 2.370.065.000,00 tornou-se o novo recorde nacional. E o incentivo da torcida cruzeirense do primeiro ao último minuto de jogo ganhou elogios dos jornais da Argentina. "Que fortaleza é o Mineirão, onde o Cruzeiro assume o papel de cruel carrasco de cada um de seus visitantes", escreveu o La Nación.
Além dos dois gols marcados, o atacante Roberto Gaúcho foi premiado com a compra do seu passe, após o jogo. O Cruzeiro pagou 2 bilhões (200 mil US$) ao empresário Léo Rabello.
Vídeos[editar]
Jogo Imortal[editar]
- A renda de Cr$ 2.370.065.000,00 tornou-se o novo recorde nacional.
Fonte[editar]
- Blog Almanaque do Cruzeiro (desativado)
- Livro Almanaque do Cruzeiro Esporte Clube 1921-2013- RIBEIRO, Henrique - Caxias do Sul-RS: Editora Belas Letras Ltda., 2014. 405